‘Eu odeio dentista’. Duvido que você nunca tenha ouvido essa declaração de algum amigo, conhecido ou familiar. O fato é que a imagem do dentista malvado que se criou algum tempo atrás ainda persiste. Aquele dentista que assusta todo mundo odeia, até eu: o ser de jaleco branco que faz extrações sem anestesia, cutuca um dente só pra doer e maltrata o paciente só para sentir prazer. Porém podemos concluir que ninguém odeia de fato o dentista. As pessoas têm medo, sofrem de ansiedade, têm aflição por causa do barulho da alta-rotação, por vergonha de mostrar os dentes e admitir que a atenção que a higiene bucal merece não está sendo dada dentre tantos outros motivos. Mas o fator principal desse medo é a falta de informação: não saber o que vai acontecer do outro lado da porta da sala de espera, e é aí que podemos e devemos ajudar nossos pacientes.

Devemos agir minimizando esse sofrimento e angústia que muitos sofrem quando estão no consultório de um dentista

É totalmente possível orientar sem constranger. Nunca julgue o seu paciente. Um ‘estou percebendo que o senhor tem tido dificuldade na higienização, posso lhe passar umas dicas?’ é muito melhor recebido do que ‘tá relaxada com a escovação, hein Seu Paulo?’. Não é O QUE se diz, mas COMO se diz

Medo não é frescura e cada um conhece os seus. Não é porque o seu paciente tem 2 metros de altura por 1,5 de largura que ele não pode ter medo de dentista. Então, não subestime a ansiedade do seu paciente, não faça pouco caso. Isso só aumenta a sensação de insegurança e é quase certo que esse paciente não voltará mais.

Uma boa consulta inicial, regada a uma conversa descontraída ajuda muito a quebrar o gelo dessa ansiedade inicial. Em muitas situações utilizamos também medicação ansiolítica, principalmente em cirurgia, que induz o nosso paciente a relaxar e assim passar pelo procedimento de forma muito mais confortável e segura

Durante o atendimento é importante explicar que irá realizar tais movimentos com a cadeira odontológica, que irá começar a anestesia e assim por diante. O paciente se sente mais preparado quando é avisado sobre o que está por vir a seguir. Tem gente que quase tem um infarto se o dentista abaixa o encosto da cadeira sem avisar.

Uma dica muito valiosa para você que está lendo esse artigo é: vá regularmente ao dentista e não apenas quando o dente dói. Quando o problema já está instalado nem sempre é possível garantir um atendimento sem desconforto. Quando as pessoas vão ao dentista pelo menos uma vez por semestre, período correto para retornos de check up e limpeza de rotina, qualquer problema em curso pode ser detectado precocemente e interceptado, o que resulta em tratamentos muito menos invasivos, menos onerosos financeiramente e potencialmente menos desagradáveis.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *